sábado, 1 de fevereiro de 2014

Memória Inconsumível



    
 Título - Memória Inconsumível
Autor - Guilherme Afonso
Revisão - Afonso Santos
Capa - Afonso Santos
Fotografia da Capa - Guilherme Afonso
Editor Gráfico - Imprensa Universitária
Impressão e acabamento - Imprensa Universitária
Número de Registo - 5003/RLIND/06
República de Moçambique

Maputo - 2007


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Notas prévias



Nota 1 Neste blog  a ordem de publicação dos poemas  foi concebida de forma  aleatória em relação ao livro " Memória Inconsumível".

Nota 2 - As fotos que ilustram os poemas deste blog, obedeceram a um critério selectivo que é  da inteira responsabilidade do seu autor.



Manuel Gomes





terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Memória Inconsumível








Num ponto equidistante
das margens dos hemisférios
que me enchem as mãos apetecidas
abre-se a memória inconsumível
dum botão de rosa
esplendor da vida
e vórtice intransponível
da volúpia perversa-
mente reprimida









Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo " Memória Inconsumível"







segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Identidade







Um retorno a dias longínquos
povoados de tormentos
que o tempo amaciou
na recordação do que vai e não volta



Um retorno a espaços imutáveis
dos anos negligentes
da descoberta aventurosa
de cada metro quadrado
para sempre conquistado



Voos no espaço e no tempo
perduráveis na memória indelével
de anseios de identidade.







Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo Pessoal e Intransmissível"



Foto -  piodecimo  






domingo, 26 de janeiro de 2014

Canto dos Pardais




Na genuína contemporaneidade
do espaço amalgamado
no útero
prenhe
de imaginação febril,
os pardais cantam
melodias intemporais
que do passado e do presente
lançam ao homem
o desafio do abraço universal.



Guilherme Afonso - Do livro "Memória Inconsumível", capítulo "Interlúdio"

Foto - Joaquim Coelho






sábado, 25 de janeiro de 2014

Amor Universal





Amo-te
Te quiero
I love you
Je t'aime



Diz-se de verdade
Diz-se a mentir
Diz-se sério
Diz-se a sorrir



Diz-se balbuciando
(pela primeira vez)
Diz-se com naturalidade
(ao repetir-se)



Diz-se com arrebatamento
Diz-se por dizer


Coisa complicada
sobre que ninguém sabe tudo
e muitos não sabem nada


Amor liberdade
Amor prisão


Parece às vezes ter-se encontrado
Para logo se verificar
ter sido uma ilusão



Mas ele existe
E há quem o plante
E há quem o regue
E há quem o faça florir.








Do livro "Memória Inconsimível" - Capítulo " Memória Inconsumível"







sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A tua beleza







Meu coração vibra
Meus sentidos galopam
Meu espírito perde equilíbrio


Mola real: a tua beleza


Como a beleza duma flor
Como a beleza dum quadro
Como a beleza dum poema


A flor dos teus dentes
pétalas de malmequer
O quadro do teu sorriso
à Gioconda roubado
O poema do teu corpo
verso a verso conquistado


Flor
Quadro
Poema


Que eu amo.






Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo "Memória Inconsimível"









quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Espera








Nas curvas tormentosas da noite
debate-se o sonho milenário
do voo incendiado
na insónia petrificada


Desespero incontinente
de quem espera
o continente do teu corpo
no sôfrego rorpedear
dos dias e das noites
que demoram a passar.







Do Livro "Memória Inconsumível" - Capítulo "Memória Inconsumível"







terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Meu Amor








Cresce em mim uma chama
que me afogueia todo

Acendeu-a o brilho do teu olhar
Alimentou-a a doçura da tua voz
Ainda a faz crescer a tua esbelta figura

Eu já desesperava de viver
Os dias eram terrívelmente monótomos e iguais
Até que lá no fundo das tuas pupilas
irradiaram acordes de verdes trigais

Nasce em mim uma esperança
Agita-se-me o mais profundo do ser
A vida ganha de novo sentido

com a crescente ansiedade de te ver






Do Livro "Memória Inconsumível" - Capítulo " Memória Inconsumível"


Foto - Bernardo Coelho





segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Corpo a Corpo








Querida
anda daí comigo

Vamos correr e saltar
Vamos cair abraçados
num qualquer capinzal

Vamos
lábios nos lábios
língua na língua
enlevados
unidos
esquecer
os preconceitos criados
pela merda de civilização
que nos não deixa soltar
a ternura
prestes a estoirar
em loucura

vamos sentir na pele

o doce recíproco do nosso mel








Do livro "Memórias inconsumíveis" - Capítulo "Memória Inconsumível"

Foto -  joesio  







domingo, 19 de janeiro de 2014

Vulcão







Trepo ao Sol
pelas escarpas
dos teus montes
de picos arrogantes
para voltar a descer
e afundar-me
nos teus vales
de segredos sussurrantes


E por montes e vales
meus e teus
antes apenas
reciprocamente fantasiados
murmuramos
palavras do princípio
e do fim do mundo
sempre renovadas
no vulcão das moléculas
subitamente incendiadas.






Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo "Memória Inconsumível"


Foto - Nuno Bernardo





sábado, 18 de janeiro de 2014

Novos dias






Teus lábios são doces
como jamais outro doce encontrei

Teus olhos são prisões
de que libertar-me não posso

Tuas mãos pequeninas
imensas são de ternura

Tuas faces de pêssego
a meus dedos emprestam razão de ser

Tudo em ti, querida
sempre em meus sonhos existiu

Agora, que o sonho se tornou realidade
o mais belo dia da minha vida surgiu

Meus dias diferentes são
Tu lhes deste nova dimensão







Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo " Memória Inconsumível"


Ilustração -  pequeninapoesias 







domingo, 12 de janeiro de 2014

Domingo à tarde







Nádegas bamboleantes
Seios erectos
Umbigos errantes

Enchei-vos olhos
do que tão generosamente

se vos oferece








Do Livro "Memória Inconsumível"  - Capítulo "Interlúdio"


Foto - Robb www.olhares.sapo.pt






sábado, 11 de janeiro de 2014

A Tua Voz







Chega-me aos ouvidos
a tua voz

Donde vem ela?
Que caminhos percorre?
Por que meio se propaga?

Não sei

Só sei que te ouço
e olho
e não vejo nada










Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo " Memória Inconsumível"


Foto - http://devaneiosurbanos.blogspot.pt/






sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Prenúncio







Por tua causa
vem a tristeza
instalar-se em mim

Esta tristeza
que nasce
pequenina
e cresce
e se expande
e me aperta
e permanece

Porquê o teu alheamento
exactamente
quando eu sentia
irromper
pequenina
e crescer
e trepar
e expandir-se

a alegria de viver?





Do Livro "Memória Inconsumível" - Capítulo "Memória Inconsumível" 






quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Desaparecer







Desaparecer da vista
de quem me conhece
Desaparecer como a luz do dia
quando anoitece

Desaparecer
sem deixar rasto
nem saudade

Desaparecer na selva
e ressurgir nas tábuas da tua cama
para de mim fruíres algum conforto

Desaparecer numa campina
e brotar numa flor
que às tuas mãos fosse parar
para aspirares o meu odor

Desaparecer nas nuvens
para na tua face me despenhar
quando de mim esquecida
fosses num descampado a passar

Desaparecer numa estrela
de primeira grandeza
cuja cintilação a teus olhos
fosse o paradigma da beleza
  

Assim eu queria desaparecer






Do Livro "Memória Inconsumível" . Capítulo " Memória Inconsumível" 







quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Café








É aqui que me sinto bem
Aqui no Café

Aqui no Café
cheio de gente
e de vozes
que deixam de o ser
ao cruzarem-se
entrelaçarem-se
prenderem-se
e soltarem-se

Aqui no Café
com homens e mulheres
grandes e pequenos
a fazerem subir a temperatura

É aqui no Café que eu me sinto bem

com o calor humano que de algures vem







Do livro "Memória Incomensível" - Capítulo "Interlúdio"